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sexta-feira, 2 de agosto de 2019


Um poema de Cora Coralina
A poem by Cora Coralina


A poesia de Cora Coralina é uma profissão de fé. Graças à sua ternura em manusear as palavras, como se fizesse um doce, ela se transformou em uma das principais poetas da literatura brasileira. A escritora obteve reconhecimento aos 75 anos, quando Carlos Drummond de Andrade começou a elogiar publicamente os versos da vovozinha lírica que nasceu em 20 de agosto de 1889, em Goiás Velho.


Cora Coralina's poetry is a profession of faith. Thanks to her tenderness when handling words, as if she was preparing a delicious dessert, she became one of the main Brazilian poets. She was recognized when she was 75 by Carlos Drummond de Andrade, who started singing the praises of this elderly poet -- who was born on August 20, 1889, in Goiás Velho -- for all the world to hear.




Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nome de batismo da escritora, faleceu aos 96 anos, em 1985. Cora Coralina começou a escrever cedo, aos 14 anos, porém teve o primeiro livro publicado em junho de 1965, Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. Foi a partir daí que a doceira famosa começou a ser conhecida no mundo da literatura.

Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas -- her given name -- passed away when she was 96, in 1985. Cora Coralina started writing early, when she was 18, but her first book was published only in 1965. Poems of Goias' alleys and other stories. From that moment on, this famous confectioner started shining in the literary world.

The poem/O poema:

ASSIM EU VEJO A VIDA
A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
Cora Coralina
THIS IS HOW I SEE LIFE
Life has two faces:
One positive, one negative.
The past was hard
but left its legacy
Knowing how to live is the great wisdom
that I may honor 
my condition as a woman,
accept its limitations,
and turn myself into a rock
to protect values that are falling apart.
I was born at a difficult time
I accepted contradictions
Struggles and rocks
as life lessons,
and I use them
I learned how to live.
Cora Coralina (Translated by Celina Falck-Cook) - July 2019


sábado, 22 de junho de 2019

Feeling a little gray today. As if nobody sees much of what I'm doing. Usually people do not pay much attention to what I say, so I guess writing could get me a better outcome. So I'm writing about how life has started to look a little less fun lately. I make an effort to keep up, I do. I was taught to work for money, but, in fact, what I really would like to do is art. I can draw and paint, have been doing it since I was little. I am especially good at portraits, which I trained myself to draw. Not sure if I would be a good painter of portraits, but I can draw them. I think I should give this a shot. I am at that point of my life where I wonder if I'm doing or if I have ever done something I really enjoy doing. I really enjoy singing, I really enjoy drawing and painting, I really enjoy writing. I sing at the church, at the community choir, but I don't sing for myself. I should take voice lessons. (I should probably reinvent myself, like a butterfly)


Estou me sentindo meio cinzenta hoje. Como se ninguém visse grande parte do que eu estou fazendo. Em geral as pessoas não prestam muita atenção ao que eu falo, então acho que escrever poderia me dar um resultado melhor. Então estou escrevendo como a vida começou a parecer menos divertida ultimamente. Estou fazendo força para me adaptar, estou sim. Ensinaram-me a trabalhar por dinheiro, mas, na verdade, o que eu realmente gostaria de fazer era ser artista. eu sei desenhar e pintar, venho fazendo isso desde pequena. Sou especialmente boa em fazer retratos, que eu aprendi a desenhar sozinha. Não sei se seria uma boa pintora de retratos, mas sei desenhá-los. Acho que devia me dedicar a isso. Acho que estou num ponto da via onde me pergunto se estou fazendo o se já fiz algo que realmente gosto de fazer. Eu gosto muito de cantar. Gosto muito de desenhar e pintar, e gosto muito de escrever. Canto na igreja, no coral comunitário, mas não canto para mim mesma. Eu devia tomar umas aulas de canto. (Devia, provavelmente, me reinventar, como uma borboleta)


Once upon a time, when I was little, I dreamed of being a book illustrator. This lady who said she was a writer came to visit us. I must have been seven or even younger at that time. I think we were at a neighbor's house and the neighbor had a blackboard in the room where the adults were talking. While she was talking to the adults, I was just in my own world, drawing birds and flowers with chalk all over the blackboard. At last, she noticed what I was doing, and said: "I am going to ask you to draw an illustration for my book". But she never did. I guess this is one of those things people say to try and make you feel good at the moment. I see this now. But at the time I felt really happy when she said that, and really bad later, because she did not do what she told me she was going to do. I resent that lady for lying to me still today. I wish she had not told me that. I feel rejected each time someone tells me I didn't make the cut, or that they don't need me, and I think in part it's because of that lady. I really need to let this go. But it happened. I am a sensitive person. How do you let go of the feeling that somebody you admired -- a writer -- made you feel important and then let you down?


Quando eu era pequena, sonhava em ser ilustradora de livros. Uma vez, uma moça que disse ser escritora veio visitar-nos. Acho que eu devia ter uns sete anos ou menos. Estávamos na casa de uma vizinha, e a vizinha tinha um quadro-negro no quarto onde os adultos estavam conversando. Enquanto a moça falava com os adultos, eu estava no meu próprio mundo, desenhando flores e pássaros no quadro negro inteiro. Afinal, ela notou o que eu estava fazendo, e disse: "Vou lhe pedir para desenhar uma ilustração para o meu livro". Mas ela nunca pediu. Acho que foi só uma dessas coisas que as pessoas dizem, para tentar fazer você se sentir bem na hora. Agora eu sei disso. Mas na época, me senti muito feliz quando ela disse isso, e depois me senti muito mal, porque ela não fez o que ela me disse que faria. Eu sinto raiva daquela moça por ter mentido para mim até hoje. Desejaria que ela não tivesse me disse aquilo. Eu me sinto rejeitada cada vez que alguém me diz que não sou suficiente, ou que não precisam de mim, e acho que, em parte, é por causa daquela moça. Eu realmente preciso deixar isso para lá. Como é que a gente se livra da tristeza que a gente sente porque alguém que a gente admirava (uma escritora) fez a gente se sentir importante e depois te decepcionou?

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Hi, I have been so busy taking care of business for many years (six years to be precise) I totally forgot I had a blog! Never mind. I am back, with a vengeance. I will write about some new experiences as a translator, such as being an interpreter for some lawyers in a court case. It was really interesting, I learned many things, which unfortunately I cannot talk about because a confidentiality agreement had to be signed so we could speak with the person being investigated. Since I mainly work with written translations, being able to see people talk and react to each other's words in front of me, real time, was a new and exciting experience. The interpreter is part of a conversation in which two or three people discuss a problem and try to reach a good conclusion and make good decisions. I cannot reveal the content of the conversation due to the confidentiality agreement I signed, but I can say the interpreter can be essential for good results to be attained, even if people can communicate in another language (the lawyers were able to speak a third language, which the defendant understood), because sometimes some concepts are difficult to translate into that language used by the parties to communicate with each other, and a professional needs to express them in the defendant's native language. The interpreter becomes a part of a process, a procedure, which will determine if a person is entitled or not to something, and must do his/her best to make sure the person gets a fair judgement. I am not a court interpreter, I just did interpreting over the phone before, but doing it in person is an amazing experience, although it can be also tiring (working many hours in a row, just listening to questions and conveying the answers). But actually, it can be so fascinating you don't feel the time passing by.

Oi, tenho estado tão ocupada trabalhando estes anos todos (seis anos, para ser exata) que me esqueci totalmente de que tinha um blogue! Mas não tem importância. Estou de volta, e para ficar. Vou escrever sobre novas experiências como tradutora, tais como ser intérprete para alguns advogados num processo. Foi muito interessante e informativo, aprendi muitas coisas, sobre as quais, infelizmente, não posso falar, porque tive que assinar um acordo de confidencialidade, para falar com a pessoa que estava sendo investigada. Como trabalho principalmente como traduções escritas, ser capaz de ver pessoas falando e reagindo às palavras umas das outras na minha frente, ali na hora, foi uma experiência nova e emocionante. O intérprete faz parte de uma conversa na qual duas ou três pessoas discutem um problema e tentam atingir uma boa conclusão e tomar boas decisões. Não posso revelar o que se passou devido ao termo de confidencialidade que assinei, mas posso dizer que o intérprete pode ser essencial para que se obtenham bons resultados, até se as pessoas puderem se comunicar numa outra língua (os advogados sabiam falar uma terceira língua, que o réu compreendia), porque às vezes certos conceitos são difíceis de traduzir na terceira língua usada para comunicação entre as partes, e exigem que um professional os exprima na língua nativa do réu. O intérprete se torna parte de um processo, de um procedimento, que determinará se uma pessoa tem direito ou não a algo, e deve fazer o máximo para garantir que a pessoa tenha um julgamento justo. Não sou intérprete de tribunal, só fiz interpretações ao telefone antes, mas fazer interpretação em pessoa é uma experiência sensacional, embora também possa ser cansativa (muitas horas seguidas, apenas ouvindo perguntas e traduzindo respostas). Porém, na verdade, pode ser tão fascinante, que a gente não sente o tempo passar.

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